sexta-feira, 30 de setembro de 2011

The Organ - Love, Love, Love

see the people sitting over there

i want to kiss and touch them everywhere

oh no, not because i really care

oh god, no , no, i wouldn’t dare


love, love

i’d really like a small part of it

oh love

i cant believe the word love


he’s had love in damp alleys

in city hall, in city libraries

we smoked it underneath the playground

slide

why did i try ?


oh love

we cry so very much about it

oh love

obsessing in the night about it

oh love

i’d really like a small part of it

oh love, love , love


okay , that’s enough of that

okay, okay now that’s enough of that

i’m getting very tired of the facts

i’m getting very tired of the fact that


i must be right

oh, it must be right

that’s why i,m cold and alone again

that’s why i’m all on my own again

that’s why i’m throwing things around my

home again

that’s why

i’m looking for love

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Criança - Velha
Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho os meus amigos não pela pele nem outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito ou os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero o meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco! Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade loucura, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e a outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto. E velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, Nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão estéril. " Oscar Wilde "

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Não digas nada!

Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver…
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa
John is allways running around....

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

PERCEPÇÃO


Em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.



.....MAS E SE.....os estímulos sensoriais....forem aumentados?.....ao ponto da percepção ser afectada.........admirável e assustador novo mundo.......novas portas e janelas escancaradas........mais logo tremerei de pavor...mas ainda no encantamento de algo novo...

JOSÉ LUÍS PEIXOTO

"....PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA TEVE PENA DE HAVER TANTOS ASSUNTOS NO MUNDO QUE NÃO COMPREENDIA E ESMORECEU...."


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

David Sylvian, Henriksen, Bang, Aarset, Norbakken 

- Before and Afterlife

Cântico Negro


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces 
Estendendo-me os braços, e seguros 
De que seria bom que eu os ouvisse 
Quando me dizem: "vem por aqui!" 
Eu olho-os com olhos lassos, 
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) 
E cruzo os braços, 
E nunca vou por ali...


A minha glória é esta: 
Criar desumanidade! 
Não acompanhar ninguém. 
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade 
Com que rasguei o ventre a minha mãe


Não, não vou por aí! Só vou por onde 
Me levam meus próprios passos...


Se ao que busco saber nenhum de vós responde 
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos, 
Redemoinhar aos ventos, 
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, 
A ir por aí...


Se vim ao mundo, foi 
Só para desflorar florestas virgens, 
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! 
O mais que faço não vale nada.


Como, pois sereis vós 
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem 
Para eu derrubar os meus obstáculos?... 
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, 
E vós amais o que é fácil! 
Eu amo o Longe e a Miragem, 
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas, 
Tendes jardins, tendes canteiros, 
Tendes pátria, tendes tectos, 
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... 
Eu tenho a minha Loucura ! 
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, 
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...


Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. 
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; 
Mas eu, que nunca principio nem acabo, 
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! 
Ninguém me peça definições! 
Ninguém me diga: "vem por aqui"! 
A minha vida é um vendaval que se soltou. 
É uma onda que se alevantou. 
É um átomo a mais que se animou... 
Não sei por onde vou, 
Não sei para onde vou 
- Sei que não vou por aí!

José Régio

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Diário
Recomeça...
Se puderes,
sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do Futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.



Miguel Torga